23 de abril de 2018

Anjo Pessoal


Da criança ladina ou do rapaz estranho, nem a sombra, o tempo, com a mais focada indiferença, sem se condoer com peripécias e paixões, nem suar perante e durante a tarefa, trabalha meu rosto, martelo, cinzel, escopro, a vida é breve, mas é lento seu sopro, desfigurando, configurando e transfigurando um desalinho e arrumo de linhas e traços ao ritmo de um dolente dedilhado de guitarra, para que enfim no instante exterminador diga, antes que no corpo se apague a luz da memória de si próprio, nuvem no espelho, a identidade, que na pedra viu um homem.

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