Já não as seguimos, pois resulta absurdo, nesta nova ordem económica, "colocar o celeste ao lado do quotidiano." Também modelos como Ritsos, Seferis, Kavafis soam a nomes estranhos e distantes de vocabulário de língua extinta, recuperada somente por uma pequena e obscura congregação de abnegados, que a praticam com intenções dúbias, num nebuloso exercício de erudição narcísica. Face à sabedoria e poder do mito, tendemos a baixar os olhos, em sinal de altivez ou desinteresse, não de humildade e reverência. Pobres de linguagem e pensamento, resta-nos o recreio do caos onde cada corpo roda rápido sobre si mesmo, numa mínima multidão devedora de um movimento sincronizado inadvertido, até alcançar o sorriso exausto da tontura, um corpo prostrado num duro pavimento, frio e rachado, sem nenhuma filosofia.
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