Tântalo vibra no erro —
não corpo, mas silhueta falhada.
O tempo em si hesita nele,
e nele não se cumpre.
Pange, lingua, gloriosi
Corporis mysterium —
mas não há corpo que se ofereça,
não há mistério que se revele.
A carne que se almeja dissolve-se
em fragmentos de luz.
A água recua.
O fruto transmuda-se em dado corrompido.
O gesto estende-se,
mas nunca atinge.
Sanguinisque pretiosi,
quem in mundi pretium —
e no entanto, o sangue não flui,
nem se deixa consumir.
A sede não é de líquido,
é de forma, é de nome.
O rosto de Tântalo:
reflexo numa superfície partida.
Os olhos — memória de um arquivo extinto.
A boca —
onde a palavra sagrada falha e não se faz espírito.
Verbum caro, panem verum
verbo carnem efficit —
mas aqui, o Verbo não se faz carne.
Faz-se erro.
Faz-se glitch.
O céu cintila em código binário,
o chão reescreve-se a cada passo.
O castigo não é ausência —
é um loop litúrgico
que se repete sem transubstanciação.
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