24 de outubro de 2023

ATLAS

 


Enquanto folheia continentes e oceanos, estepes e selvas, savanas e vulcões, longitudes e latitudes sem deuses, sem monstros e sem mortos, reparo nos seus ombros largos e ligeiros que não sustêm peso algum. Tomado pela surpresa subtil de meu silêncio contemplativo, volta-se e, ante meu olhar grave, meu eu anterior sorri numa empatia sombria. Fechado, ao lado, reflectido no espelho do sonho, em repouso, na cama fria do tempo, o febril peso do futuro no livro de mitologia.

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