13 de dezembro de 2020

Juvenília

Outrora divertia-me ao crepúsculo chuvoso 

A cruzar com um primo o fogo alado de pedras sombrias

Cheias de musgo e lama que apanhávamos

Nas nossas passeatas de final de dia pelas veredas das 

visitas esporádicas à aldeia natal do meu pai e do meu tio

Até que levámos tão longe a brincadeira que nos perdemos

Num entusiasmo que depressa passou à euforia de uma cabeça partida

Com o vermelho em paralelos ténues fios

Manchando um sorriso que ignorava

Dos disparates e desaires da vida

As últimas consequências e limites

Mas de cada fio que se precipitava 

sobre nossa doida hiante alegria

a chuva sem trégua insistia

em devolver os dentes limpos

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