Uma vez os olhos arremelgaram-se quando travaram conhecimento
de leitura com a planta que cheira a carne podre humana
Pensaram: Mas que raio?
E não: Será um castigo de Deus?
Uma advertência aos bem ou malcheirosos humanos vivos?
O toque tonitruante do dia do juízo?
Ou um dos muitos idiomas ou rostos da Criação?
Ou a rebelião da flor ante a força normativa da divina entidade?
Uma vontade de ser diferente, única, identidade rara e preciosa,
combatendo a força das circunstâncias e da ordem?
A reformulação do que tem ou não sentido? O elogio do absurdo?
O emblema que esclarece que também as flores podem e devem ser loucas?
O timbre do silêncio e da solidão, como quem diz, às outras,
plantas e coabitantes do mesmo espaço,
aos humanos curiosos que a farejassem :
Deixem-me em paz, não sou da vossa laia - eu fedo porque quero que vocês se fodam,
e, sendo tóxica, se me desrespeitarem, morrem ou passam um mau bocado.
Estaria imune à curiosidade de um gato?
Ao amor, certamente, porque não passa pelo perfeito juízo de ninguém
colhê-la e estendê-la ao desejo e necessidade de outrem,
até pela sua já aludida toxicidade, como certos amores.
Seja como for, a danada parecia-me, parece-me ainda,
a questão chave que abrirá todas as outras questões fechadas a cadeado
nas mil e uma divisões da mansão da nossa ignorância.
Isso ou pensamos demasiado.
Trazemos as nossas dúvidas e inquietações, o nosso medo e solidão,
a nossa dor e espanto para o objecto da nossa observação e análise forçada,
num salto de fé - em algo melhor, ou pelo menos diferente -
sem amparo de garantia de segurança e conforto.
Seja sobre uma flor ou qualquer outra coisa.
É o pensamento e o sofrimento que advém do primeiro, que nos irmanam.
Um desenho de bonecos de papel dando as mãos do cordão da condição.
Não é assim tão estranho.
Não traz é libertação alguma, nem sequer ameniza o que já sentimos,
abre janelas no sufoco escuro, solitário e silencioso do nosso quarto interior.
Ninguém sabe o porquê. Deus tampouco. Talvez os marcianos nos traduzam,
expliquem esta experiência, e, já agora, se não for pedir muito, existência.
Isto se não se rirem antes de nós, se tiverem a capacidade do riso,
como nos deveríamos rir de nós próprios, se isso de facto fosse possível.
de leitura com a planta que cheira a carne podre humana
Pensaram: Mas que raio?
E não: Será um castigo de Deus?
Uma advertência aos bem ou malcheirosos humanos vivos?
O toque tonitruante do dia do juízo?
Ou um dos muitos idiomas ou rostos da Criação?
Ou a rebelião da flor ante a força normativa da divina entidade?
Uma vontade de ser diferente, única, identidade rara e preciosa,
combatendo a força das circunstâncias e da ordem?
A reformulação do que tem ou não sentido? O elogio do absurdo?
O emblema que esclarece que também as flores podem e devem ser loucas?
O timbre do silêncio e da solidão, como quem diz, às outras,
plantas e coabitantes do mesmo espaço,
aos humanos curiosos que a farejassem :
Deixem-me em paz, não sou da vossa laia - eu fedo porque quero que vocês se fodam,
e, sendo tóxica, se me desrespeitarem, morrem ou passam um mau bocado.
Estaria imune à curiosidade de um gato?
Ao amor, certamente, porque não passa pelo perfeito juízo de ninguém
colhê-la e estendê-la ao desejo e necessidade de outrem,
até pela sua já aludida toxicidade, como certos amores.
Seja como for, a danada parecia-me, parece-me ainda,
a questão chave que abrirá todas as outras questões fechadas a cadeado
nas mil e uma divisões da mansão da nossa ignorância.
Isso ou pensamos demasiado.
Trazemos as nossas dúvidas e inquietações, o nosso medo e solidão,
a nossa dor e espanto para o objecto da nossa observação e análise forçada,
num salto de fé - em algo melhor, ou pelo menos diferente -
sem amparo de garantia de segurança e conforto.
Seja sobre uma flor ou qualquer outra coisa.
É o pensamento e o sofrimento que advém do primeiro, que nos irmanam.
Um desenho de bonecos de papel dando as mãos do cordão da condição.
Não é assim tão estranho.
Não traz é libertação alguma, nem sequer ameniza o que já sentimos,
abre janelas no sufoco escuro, solitário e silencioso do nosso quarto interior.
Ninguém sabe o porquê. Deus tampouco. Talvez os marcianos nos traduzam,
expliquem esta experiência, e, já agora, se não for pedir muito, existência.
Isto se não se rirem antes de nós, se tiverem a capacidade do riso,
como nos deveríamos rir de nós próprios, se isso de facto fosse possível.
Sem comentários:
Enviar um comentário