20 de julho de 2018

Porquê os Clássicos

São aos milhares fantasmáticos os olhos de lémure
bichanando observações e comentários
de almas penadas sobre a curva
sombria dos ombros diante de amarelecidas linhas,
súplicas do tempo antigo,
Com seu ondeante ouro de moeda desejando
o repouso e inocência dos mortos, fundo de velha fonte
decadente e esquecida.
Os mestres não expiam. Olham
Sem pestanejar nem intervir,
num silêncio anterior estudam,
mas sobretudo zombam
das urgências e aflições
da desaustinada e apressada juventude,
inflamada em desejo e dúvida,
que se diz perdida e à procura
de secreta estrada
soterrada na verdade e sabedoria
dos livros, como se houvesse algo
mais que um par de olhos ignaros
demorados na imagem de uma pedra
de gelo derretendo em água :
palavras na página,
insones devaneios,
madrugadas dissolvidas.

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