Li algures que as árvores também gritam de dor. Um grito tímido que
se confunde com o rumorejar quase surdo da resina. Como tu, ignoro, como
tantos outros segredos, a vida secreta das plantas. Depois, esse dado
associou-se livremente a outro esclarecendo-me que os ecossistemas se
encontram cada vez mais calados, como é óbvio, devido à forma como os
homens influenciam e agem sobre a música do meio que invadem e
colonizam. Os ameríndios norte-americanos não tinham uma palavra para
Natureza, pois nunca se divorciaram do mundo das canções da terra, coro
de espíritos. Creio nunca haver abraçado uma
árvore, tão-pouco segredado algo absurdo ao bonsai doente do escritório
ou segurado entre a indiferença dos dedos as petúnias da cozinha, mas
gostaria que o fogo das minhas imagens pudesse combater os archotes
bárbaros do progresso, que por uma vez não cantasse o silêncio de um fim
que os primeiros versos deste poema, qualquer poema, enunciam, a morte,
sempre a morte imiscuindo-se nas folhas caídas do que não dizemos, com
as suas cinzas.
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