31 de agosto de 2016

Estatuária

Perfeitamente imóvel incompreendida
salva do resto solitária onírica
uma nuvem se avista
do tabuleiro da ponte cor de tijolo
ao fundo mais à direita o padrão dos descobrimentos.
Pai, parece uma estátua!
Sim, filho, já viste como é bonito o jardim todo azul?
Oh, não sejas tonto, não há jardins azuis.
Aos adultos cabe apenas a tarefa da condução pela infância.
No rosto do pai ser criança era algo tarde,
o céu alaranjara sobre os sonhos do infante.
Restava o pai em movimento na escura viatura,
a tristeza parada de algo perdido sobre a resistência
inexpressiva de um rosto orgulhosamente só.

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