15 de dezembro de 2013

Carmina Suburbana

Precisa-se de um nevermore, more than ever,
Mas nenhum perigo de pássaro ominoso
Se engancha no umbral da garganta,
nenhuma mão se espeta num prego,

As rugas da espera são de expressão apática-
Sem drama nem tragédia, porque nada,

Nada acontece, nada impõe a vida panicável
da sua presença, com os sentidos retesos,
puxados até mais não num alarido nocturno de alarmes
de parque de estacionamento

Nada, absolutamente nada, as coisas sucedendo-se
numa veloz redundância de carrossel de cores baças,
confundíveis, indistintas,  sem gritaria, gozo
nem vertigem de feira, cíclicas,

Sempre as mesmas no relógio não rodando
Nem tédio nem desespero, não parado no seu loop
mecânico de ponteiros sem som
ou mutismo impessoal de smartphone,

Com a lei do espírito do tempo sombreando,
Os homens-sujo-mostruário, sem nenhuma
Assombração, monstro, ameaça, apocalipse,
Castigo, némesis,

Vigiando esta escrita de severidade franzida de sobrolho
Matemático, esta área sem ária, uma leve ausência de
De metáfora, sinédoque, tropo, milagre, qualquer coisa

Uma coisa que seja que ponha em causa, 
subvertendo com a santidade musical do seu caos, 
a ordem genérica das não-espantosas coisas 

Demasiado reais, içando-as içando-as em ombros
operaticamente oh fortuna oh fortuna
corais acima da sua própria condição


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