A paisagem garatuja com os dedos húmidos o seu nome do outro lado da chuva na vidraça. Sem solenidade, abres a janela a um novo e surpreendente quadro, de que podes destacar com indicador e polegar, à maneira de uma imagem táctil, tornando-a mais próxima, o viço e o verdor de um ou outro detalhe. O cheiro da terra molhada é a voz da terra molhada. Escuta-a clamando com um semblante preocupado : regressa a casa, já é tarde. Não te alongues mais do que a sombra, não subas mais do que as árvores, os pássaros. O silêncio de Deus mora neste horizonte imediato- desce de tuas fantasias de Ítaca e astronautas, delírios febris de velho acamado. A tua alegria e silêncio são a linguagem do planeta que, descabido vocábulo, ainda não te cuspiu para fora da sintaxe.
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