5 de dezembro de 2019

Do Livro do Juízo

Folheei-o numa noite de fastio, de estação difusa e alma faminta, não busquei sentido ou enigma, num gesto que se poderia dizer anódino, detive-me e desfolhei a página despedindo uma luz final que me queimava até aos ossos dos dedos das mãos que a seguravam viva. Se a esperança também morrer, nem fogo nem sonho animar nossos corpos, um dia falarei do que li. Mas, para bem do destino ditoso de todos que julgamos merecer, espero ter entendido mal.  Até lá, guardarei no silêncio fundo do bolso a dúvida enquanto nosso benefício.

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