28 de outubro de 2019

Conheceu a violência de todo e qualquer homem
independendo de classe, credo ou raça.
Fizeram-lhe sombra e depois fez-se saco de pancada da sombra.
Acumulou décadas de silêncio de bivalve,
atravessou calado o horror e chacina da História, até que um dia,
contra deus, amor e morte, contra si próprio,
ergueu bruscamente a mão quanto a baixou
sobre um golpe seco na mesa da cozinha vazia e penumbrosa,
ecoando em seu peito nu, palavra rara no gesto final ,
fazendo o impacto levitar da toalha pó iluminante
que se lhe colou aos nós dos dedos, à aba do chapéu: Basta!

Sem comentários: