6 de junho de 2018

Um café na Europa

Tenho sete selos dispostos sobre o tampo vítreo limpo,
como Walter Benjamin, segundo Arendt,  "um homem
que, com a precisão de um sonâmbulo, caminhou em direcção ao infortúnio",
ouço cascos furiosos de cavalos, o quarto selo incita : vem e vê.
E a esplanada explode de dentro para a calçada,
os ocupantes saem cuspidos dos janelões e atingem
passantes incautos ao som de um trap rap francês disparado
do coração do estabelecimento, o que voa sobrevoa-me
sibilante à tangente o chapéu do século XIX.
Pouca importância terá que se trate de mais um atentado
terrorista perpetrado pelos pobres e opressos,
sem prato nem casa, ou do Apocalipse atacando este pretexto
de projecto burguês com acesso à mais alta tecnologia.
Ribombantes engenhos e ruidosas rajadas.
Desde sempre, a Europa é uma ruína.
O anjo cai uma e outra vez de costas.

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