10 de julho de 2015

Butoh

Talvez se possa dizer
- assistido um espectáculo, lido
um poema -
que existem tantas mortes quantos
seus corpos inquilinos,
e que o modo que estes encontraram
para as exprimirem, é tão singular, inimitável e
livre - alcançando,como a escrita, e
rompendo todos os acessos tabu,
numa gestualidade de grotesca e ferina alegria-
que somos conduzidos a concluir que
existe tanto o que se vai extinguindo,
resumindo o acto de morrer,
a um exercício interpretativo,
em que todos e quaisquer dos
dançarinos, merecem admiração e empatia,
nunca havendo um mais fatigante e repetitivo.
Animalesco improviso da indisciplina,
a morte não se aprende,
muito menos se ensina. 

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