13 de maio de 2015

Agelasta

A Joan Margarit


Lucubramos num sossego de serão inquieto
Como Deméter repousou na pedra
desgastada conformada
(lágrima a lágrima)
pelo corpo
que com ela precisou
de se reunir

Escrevemos como tu, poeta:
numa busca desesperada por um
filho perdido ( Joana, 30 anos),
correria que é um abismo sem fim,
pois não há palavra, em todos os
dicionários de todos os alfabetos
vigentes e esquecidos (sombra
que agiganta sobre nós seu silêncio pestífero),
que a fixe,
e assim é justificada
qualquer razão e raiva,
d' esta existir

Pior coisa a um poeta se diria:
- Não há palavra...

Deve ser por isso que
é o poema,
qualquer poema,
Agelasta,
de todas as pedras,
a que não ri


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