o cigarro é lento
escoadouro entupido
que não transborda
além da janela
na varanda
aportado no vidro
de uma emoção tranquila
um coração batido
como navio se aquieta e
inverna
a respiração serena a fonação
não sucede
o ar desce passando pela harpa da voz
sem a fazer vibrar
uns quantos flocos de cinza mosqueiam
a escuridão de firmamento
de rotinadas calças
poucas sugestões que não provêem
à mais incompleta sujidade
de um verso
cinza fumo
ínfimo efémero
minudências
é esta pobreza franciscana
ciência que nos tece e nobilita
capacita
de arrancar a pá
das mãos do tempo
e calmos e voluntários
implementarmos a vingança de
a fundo viver
escavar a própria fuga e dela
inumar o porvir
sombra já fria
mas que ainda e sempre
nos vale
não, a poesia não pode ser só
coisas que se dizem
Sem comentários:
Enviar um comentário